sábado, 25 de abril de 2009

De Irará para o mundo: Tom Zé



Por Marina Alvarenga Botelho

Antônio José Santana Martins, ou Tom Zé, tem hoje 72 anos. Um cantor original, um compositor ousado, um artista esquecido. O que o Zé deixou para o Brasil não foi pouca coisa.

O cara veio de Irará, na Bahia, de uma família que só ficou rica graças a um bilhete de loteria premiado. Sempre interessado por aspectos peculiares da vida e apaixonado por música, foi um dos líderes do movimento Tropicalista, que iniciou em 1968, e não durou muito tempo. Quem saiu de lá e “se deu bem” foi Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia e até mesmo os maravilhosos Mutantes.

Tom Zé ficou por muito tempo esquecido, mas graças ao ex vocalista da banda Talking Heads, David Byrne, que achou um disco do cantor em um sebo, o Zé passou a ter reconhecimento internacional, e até mesmo em seu “paisinho”, Brasil.

Em 1998 o disco Com Defeito de Fabricação foi eleito um dos dez melhores álbuns do ano pelo The New York Times.

Mas não só de música vive uma Artista como Tom Zé. Em 2003 publicou o “Tropicalista Lenta Luta”, um livro, que dividido em quatro partes, conta um pouco de sua vida. A primeira parte, uma autobiografia intitulada “Memórias de Irará” é, para mim, a mais divertida. Do seu deslumbramento com a chegada da luz elétrica na cidade (- A que horas vai ligar essa luz? ; -Às 8h.; - E que horas chega?) às suas paixões pelas meninas e pela música, Zé relembra acontecimentos que valem a pena serem lidos.





A segunda parte reúne cartas e vários textos politizados e “musicalizados” que apareceram em jornais e revistas ao longo dos anos. Na terceira parte todas as letras de todos os álbuns feitos até então. E a quarta parte é a transcrição de uma entrevista feita por Luiz Tatit, músico paulista e amigo de Tom Zé, e Arthur Nestrovski, editor da Publifolha. E tudo isso escrito do jeito Tom Zé de ser, de falar, de pensar, e que nem sempre é facilmente compreendido.

Em 2006 foi lançado o filme Fabricando Tom Zé, um documentário de Decio Matos Jr, sobre a “vida e obra” do músico. Para mim, um dos melhores documentários, que juntamente com o “Loki”, sobre a vida do (ex?)Mutante Arnaldo Batista, mostra um pouquinho do que é e já foi a boa gente e a boa música brasileira.
Logo depois, em 2007, Antônio José participou da ocupação na reitoria da USP, (veja o vídeo, é bem divertido).

Desde 2008, vem mantendo um blog, e junto com seus leitores e fãs, debate livros, assuntos diversos e comenta os shows. Bem bacana!

E para quem quer conhecer ou curtir ao vivo o tão adorado por mim Tom Zé, ele está sempre por aí fazendo shows, com mais pique que a Ivete Sangalo. É só acompanhar pelo blog ou site oficial.

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