sábado, 29 de novembro de 2008

Fábio Vargas: do professor ao músico, passando pelo advogado!

Por Betânia Barros e Camila Lima

Sexta-feira, 18h50.



- Ô gente, deixa eu dar aula, não faz isso comigo não...



Um sorriso singelo, uma simpatia cativante e um bom humor que espantam qualquer tristeza. É dessa maneira que Fábio de Oliveira Vargas, o professor Fábio, dá suas aulas às terças e sextas-feiras no quinto período de uma faculdade de Direito de Juiz de Fora.


Com uma beleza e um jeitinho que chamam a atenção de muitas alunas, Fábio vem ensinando as novas tendências jurídicas na área familiar, tomando por base, sobretudo, as decisões do Tribunal do Rio Grande do Sul, onde nota-se o maior avanço do Direito brasileiro na área afetiva.


Quando chegou o momento de escolher qual profissão seguir, Fábio havia se preparado para o vestibular de Informática, mas na última hora optou por fazer Direito e hoje é um dos referenciais em Direito de Família na cidade. Professor da disciplina em algumas faculdades, é também coordenador de um curso de Pós-Graduação em Direito de Família e advogado especialista na área.


Paralelamente às carreiras de cunho jurídico, Fábio é integrante de uma banda, na qual toca violão e é vocalista. A banda CTRL C surgiu depois que o professor já havia montado várias outras bandas, mas nenhuma chegou a tocar profissionalmente. “Montei a banda porque tocando é a única hora em que me sinto eu mesmo”, declara. A CTRL C conta ainda com Fly na bateria, Caio no baixo e nos vocais e Rodrigo, que também dá uma força nos vocais e toca guitarra.


A afinidade com o violão foi descoberta há aproximadamente oito anos, nos idos do ano 2000, e a preferência musical é o rock: “indie rock, pra ser exato”, declara.


Por ter certa preferência pelo magistério, dentre todas as atividades que desempenha, Fábio passa a maior parte do seu tempo nas salas de aula: “adoro o contato com as pessoas”, diz ele. Além disso, durante 10 anos de sua vida se dedicou a dar aulas de Português em um cursinho da cidade.


Além da música e do magistério, uma outra paixão do professor são seus peixes, tanto que o hobby dele é o seu aquário. Entre os livros, seu preferido é “As Brumas de Avalon”.


Fábio Vargas é o filho único da dona Vera e do seu José Heleno, que veio completar a família na virada do ano de 1976, tendo nascido no dia 31 de dezembro. O professor, que não pratica nenhuma religião, diz acreditar em uma força superior que rege o mundo e se define como um cara tranqüilo e apaixonado pelo que faz.


A vida resiste à morte

Por Luiza Medeiros e Renata Delage
Maria Isete de Jesus Oliveira é uma senhora de 90 anos. É viúva, tem sete filhos e dezesseis netos. Nascida em uma pequena cidade chamada Rio Novo, no estado de Minas Gerais, casou-se aos vinte e um anos. Foi dona-de-casa a vida toda. Católica, tinha uma vida pacata de interior junto à família.
Porém, no dia 23 de junho de 1997, sua vida mudou para sempre. Maria teve uma parada cardiorrespiratória e vivenciou, segundo ela, uma experiência de quase morte (EQM): “Conseguia ver os médicos tentando animar meu corpo”.
O EQM é muito estudado por especialistas de todo o mundo. São muitos os que dizem ter vivido tal experiência. Caracteriza-se pelo relato de pacientes, em estados terminais ou graves, que afirmam ter vivenciado a morte por alguns momentos.
“Depois de ver meu corpo no hospital, senti que flutuava em um túnel muito grande. Escutei uma música suave e vi bem distante uma luz, uma claridade forte”, afirmou a senhora, ao ressaltar a imensa sensação de paz que sentiu.
Maria ficou alguns segundos sem respirar e seu coração parou de bater. Mas, por razões até então inexplicáveis, a senhora recobrou a vida: “Acordei de repente, como se tivesse levado um susto. Senti bastante falta de ar”.
Devota, a senhora diz que sentiu a presença divina naqueles poucos segundos que pareceram horas. “Tenho muita fé em Nossa Senhora Aparecida e sei que vou encontrar ela um dia”, diz Dona Maria, que acredita em explicações religiosas para o fato.
Hoje, Maria Isete vive com a filha mais velha, em Coronel Pacheco, Minas Gerais. Ao ser indagada se tem medo da morte, a senhora sorri e diz: “De maneira nenhuma, minhas filhas!”.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Felipe, o jovem talento tricolor

Por Giovana Matias e Isabel Miranda


Já passava das 22h quando Felipe entrou na sala de bate-papo para nos conceder essa entrevista. Após um dia inteiro de correria e treinamento pesado, o jogador da
Fluminense de 20 anos se prepara para o grande jogo de sábado, quando sua equipe enfrentará o Flamengo em partida válida pelas quartas de final da Taça Otávio Pinto Guimarães.
Felipe começou a jogar bola bem cedo na escolinha do Operário, time da sua cidade natal,
Cataguases. Ele alternava os treinos de futebol com a escola e garante que sempre foi bom aluno.
Seu pai, Renan sempre incentivou o garoto a jogar futebol e em 2001 quando o time do Cruzeiro quis levar seu filho para jogar nas divisões de base do clube ele foi o primeiro e dizer que sim. Mas sua mãe, Mirian, não gostou da história e proibiu o filho de ir morar fora de casa tão cedo. Mas foi aos 13 anos, quando o time do Operário disputava um torneio contra times grandes como Fluminense e Cruzeiro, que os olheiros do tricolor das Laranjeiras ficaram encantados com o futebol de Felipe e ele foi convidado para fazer parte do elenco do grupo carioca. Depois de muitas negociações o menino de Cataguases foi morar sozinho em Xerém, distrito de Duque de Caxias, onde fica localizado o Centro de Treinamento do Fluminense, e até hoje deu muitas alegrias para Dona Mirian.

TB:Como foi largar a família e enfrentar uma cidade como o Rio de Janeiro tão cedo?
Felipe:
No começo era difícil e a psicóloga conversava muito comigo, mas eu tinha muito medo que ela contasse o que eu estava passando para o meu treinador ou para os dirigentes do clube. Muitas vezes eu chorei sozinho e não tinha com quem conversar. Mas isso tudo me deu muita garra pra me dedicar nos treinos e me sair bem nos campeonatos.

TB: O Fluminense sempre foi seu time do coração?
Felipe:
Bem, (risos) minha família é flamenguista, mas quando você começa a jogar por um clube desde pequeno e lá você tem todo o apoio, você pega amor pela camisa. Além do mais você passa a viver o outro lado da história. Deixo a torcida para a minha família. O futebol agora é minha profissão.

TB: Como você lida com o assédio dos torcedores, principalmente das fãs?
Felipe:
Isso é complicado. Jogador tem o estigma de ser mulherengo e isso não é atoa. A maioria é. Mas eu não sou assim. As mulheres dão em cima mesmo e você precisa saber diferenciar quem é quem nessa história. Eu atendo os pedidos de autógrafos numa boa, tiro fotos. Algumas pedem telefone e já até conseguiram, mas aí mudei de número. Mas eu ainda não sou famoso, mas por aí já dá para você ver como é grande o assédio aos jogadores de futebol.

TB: Alguma já passou dos limites?
Felipe:
Não.

TB: Como foi jogar no Maracanã pela primeira vez?
Felipe:
Eu já tinha jogado no Maracanã antes de ser profissional. Foi numa final do Campeonato Carioca, pelo time juvenil. A sensação é inexplicável. Mas quando se joga pelo time profissional a paixão da torcida te contagia. Ver seu nome no telão do estádio também é uma outra sensação maravilhosa. Infelizmente ainda não marquei um gol lá. Quem sabe em 2009?

TB: E quais são seus planos pra 2009?
Felipe:
Como meu contrato com o clube só vence em 2010, minha intenção é continuar lá. Meu empresário recebeu algumas propostas, mas minha intenção é disputar pelo menos o Campeonato Carioca pelo Fluminense. Mas a vida é uma caixinha de surpresas, ninguém sabe o que pode acontecer até lá. Não dá para se ter uma resposta definitiva assim.

TB: Em 2003 você foi convocado para a seleção brasileira sub-15 e uma lesão te tirou de disputar o mundial. Como foi essa experiência para você?
Felipe:
Aconteceu tudo muito rápido. Eu fui jogar no Fluminense em agosto de 2002 e em maio de 2003 eu fui convocado para a seleção. Fiquei muito feliz com todas essas coisas boas acontecendo de repente. Mas quando eu estava treinando em Xerém, uma pancada nos trienos fez com que eu lesionasse meu tornozelo. Mesmos com tratamentos intensivos, não consegui me recuperar a tempo de viajar com a delegação da seleção para Portugal. Foi frustrante, mas valeu ter sido lembrado.




TB: Em 2006, você jogou um amistoso contra a seleção brasileira. Qual foi a sensação de ver de perto craques como Ronaldo, Ronaldinho e Kaká?
Felipe:
É outra coisa. Os caras jogam pra caramba, o ritmo é outro. E ver o talento e a habilidade desses craques que a gente só vê pela TV deixou o nosso time todo abalado. Além do mais, o seleção brasileira estava se preparanda para a Copa de 2006 e o clima era de tietagem total. Todo mundo do nosso time queria tirar fotos, pegar autógrafos, trocar camisas. Esse foi mais um sonho que o futebol realizou para mim.

TB: E quanto a projetos sociais?
Felipe: Na minha cidade tem muito gente que joga futebol fora, como o Walmir e o Mateus que jogam no Vasco, o Matheus que joga no Tupi, o Gulherme que está na Rússia, o João que joga na Turquia e mais cinco amigos meus que jogam comigo no Fluminense.
Todo final de ano a gente faz um jogo beneficente para arrecadar mantimentos para as famílias mais carentes. É pouca coisa. Mas tenho projeto de fazer um centro de recreação para crianças e jovens da periferia, com quadra de futebol, informática, refeições e aulas particulares.

Quem dirige o trenzinho do Parque Halfeld?

Por Anamaíra Spaggiari e Luiz Felipe Saleh – 27/11/2008










Gilsimar Cláudio Loures de Matos, mais conhecido como Pepê, é o famoso dono do trenzinho do Parque Halfeld. Pipoqueiro que muita gente conhece, mas cuja história poucos sabem. A tradição é de família e existe desde a década de 40, quando seu pai vendia algodão doce, picolé e pipoca para sustentar os 10 filhos. Em 1996, aposentou-se por invalidez e Pepê, seu filho mais novo, assumiu o negócio. Gilsimar é juiz-forano e passou a vender pipocas com seu pai, aos sete anos. Com 19, começou a gerenciar o negócio e ficar mais presente no dia-a-dia das vendas. Quando completou 22 anos, assumiu completamente o carrinho de pipoca e renovou o negócio: trouxe produtos que ainda não tinham na cidade, como batata e pipoca doce. A inovação do carrinho surgiu nessa época. “A gente é mineiro. Mineiro sempre fala trem, pão de queijo... Fiquei com aquele trem na cabeça. Foi daí que me surgiu a idéia de fazer um carrinho de pipoca em formato de trenzinho.” “Sempre fui pipoqueiro, só saí no período em que fui militar no Rio de Janeiro, de 1988 a 1992. Nas minhas férias, apoiava meu pai em Juiz de Fora.” A carreira militar foi uma frustração para Pepê. Foi soldado especial e estava fazendo cursos para se tornar sargento, mas foi desligado porque, na época, Fernando Collor cortou os concursos e as promoções. Coincidiu que seu pai estava com problemas cardíacos e lhe pediu pra voltar à Juiz de Fora para ajudá-lo tanto na parte de saúde quanto na profissional. Tomou gosto pelo trabalho e se orgulha do que construiu com ele.

Vendendo pipocas, Pepê comprou carro e casa própria em lugar nobre, e hoje chega a ganhar mais que um coronel do exército. É o único entre os 10 irmãos que seguiu a carreira do pai. Hoje é casado e pai de dois filhos. Afirma que sem sua esposa, não conseguiria o que tem hoje. “Ao lado de um grande homem há sempre uma grande mulher. Minha esposa me apóia, trabalha comigo, me ajuda. Não temos outra profissão”, declara Pepê. Além de sua esposa, ele tem mais dois funcionários que o ajudam a cumprir a extensa carga horária. “Eu não posso chegar fim de semana e curtir a minha família direito. O trabalho atrapalha um pouco, Mas a gente faz de tudo pra não atrapalhar tanto.” O trenzinho de pipoca do Parque Halfeld funciona todos os dias da semana. São vendidos cerca de 13Kg de milho e utilizadas 10 a 15 latas de óleo por dia.
Preocupado com o desperdício, Pepê regula a medida de produção para não sobrar muito no final do expediente. O piruá é utilizado por seus familiares que trabalham com criação. O óleo que foi utilizado na fritura do queijo é reaproveitado para fazer sabão. O pipoqueiro se considera rigoroso com a qualidade da pipoca e com os fatores de higiene.


Trem “bão” de pipoca
O trenzinho faz tanto sucesso que as pessoas formam fila à espera do seu saquinho de pipoca. Em dias de grande movimento, a fila chega a atingir 15 metros. Para entreter as pessoas que aguardam, o trenzinho é equipado com som que toca música clássica. Pepê explica que o consumo varia sazonalmente: “Se na hora do movimento chove, atrapalha muito as vendas. No verão o movimento cai, por estar quente o pessoal não come muita pipoca. Já no inverno tudo dobra.” Pepê conta que o primeiro trenzinho era de ferro. O modelo atual é de fibra translúcida. “À noite, a gente acende as luzes e ele fica parecendo um abajur gigante”. Agora está sendo projetado um terceiro carrinho, com tela de LCD, enfeitado com arco íris e estrelas em alto relevo, chamando atenção para as crianças. Considera-se bem sucedido e acredita que quando a pessoa ama sua profissão, ela se destaca. “Não é que eu sou diferente, é que eu gosto de fazer o que eu faço. Hoje não troco por nada”. Mais do que um ponto de venda, o trenzinho de pipoca do Parque Halfeld se tornou referência, quase um ponto turístico que chama a atenção das pessoas que passam pelo centro da cidade.

E há ainda quem reclame de falta de tempo


Giselle (primeira à direita) na rádio Guetto FM


Por Lucilia Bortone e Rachel Morandi

Se você circula pelos corredores da Faculdade de Comunicação Social (Facom) da Universidade Federal de Juiz de Fora, com certeza já viu essa pessoa. Giselle Clara, ou simplesmente Gi, é uma figura muito especial, sempre sorridente e simpática com todos. Possessiva, ciumenta e determinada, como ela mesma se define, Giselle participa de diversas atividades extracurriculares na cidade.
Como parte da disciplina Comun
icação Comunitária, a estudante de 21 anos e seus colegas escolheram uma comunidade carente de Juiz de Fora para trabalhar. “O trabalho comunitário surgiu da idéia de se fazer algo por outras pessoas. O pontapé inicial foi da professora Cláudia Lahni. Eu e o meu grupo decidimos pelo bairro Santa Efigênia”, diz Giselle. Quando conversaram com um dos principais nomes da comunidade, Jefferson, o grupo descobriu que existia uma rádio no local, a rádio Guetto FM.
Com um esforço fora do comum, Giselle conseguiu conciliar três atividades ao mesmo tempo: fazia faculdade, trabalhava na CEMIG e à noite estudava no Centro Técnico Universitário. “Acho que a minha lógica é “quanto mais tempo de ócio eu tenho, menos coisas eu faço”, então eu ocupo meus horários”, contou a estudante de comunicação.
Na rádio Guetto, Giselle e seus colegas fizeram, como trabalho voluntário, um programa cultural que abordava temas importantes como gravidez na adolescência, drogas e emprego. Segundo Gi, a rádio Guetto FM foi uma grande experiência porque pôde ter contato com pessoas que trabalhavam com rádio sem ter aprendido a técnica e conquistou muitos amigos. “Eles me davam dicas de como atrair a comunidade e gostavam de ver como era produzir um programa cultural, com roteiro, entrevista e tempo pré-definido. Foi uma grande troca”, concluiu Giselle. A meta dos estudantes era mostrar para a comunidade a realidade de uma emissora de rádio, ensinar um pouco do que aprenderam nas aulas.
Para quem sempre participou de atividades fora do ambiente escolar, Giselle acredita que só se aprende fazendo. “A prática é diferente da teoria e o melhor de tudo isso é aprender a se virar com os imprevistos. Na rádio eu tive que fazer muito disso. Entrevistados que não podiam comparecer, músicas que não tocavam e outras coisas”.

A grande escolha

Como qualquer adolescente em fase de vestibular, Giselle também teve dúvidas quanto à carreira que gostaria de seguir. Prestou vestibular para Direito, mas percebeu que a carreira não combinava com ela. “Era tudo muito certinho e metódico. Não daria certo. Apesar da minha “facilidade de convencer as pessoas, segundo amigos e pessoas próximas”, percebi que não daria certo atrás de uma pilha de processos. Foi então que eu resolvi “colocar a cara a tapa” e fazer Comunicação”.

Giselle e os companheiros no Fórum da Cultura

De volta às origens

Giselle sempre gostou de teatro, desde criança participou das peças do colégio e gostava de ter muitas falas. “Eu era uma aparecida”, brinca Giselle que além de participar do grupo de teatro fazia parte do grupo de dança, do coral e sempre era a oradora da turma.
A estudante lembra de uma história especial para ela, uma das primeiras peças que encenou quando tinha 10 anos. Ela interpretava a Virgem Maria. O figurino era improvisado e a personagem vestia três véus – um branco, um azul e uma renda. Como Giselle era muito pequena, os véus eram lençóis de casal presos em sua cabeça com grampos. “Nunca vou me esquecer da dor que eu senti depois do espetáculo no pescoço e na cabeça. Ainda bem que foi uma apresentação só. Se eu agüentei uma hora do meu cabelo sendo puxado por um grampo, eu descobri que amava aquela arte”.
E a paixão perdurou. Em 2008 o reencontro aconteceu com uma oportunidade de trabalhar no Fórum da Cultura ao lado de José Luiz Ribeiro, ex-professor de Giselle na Facom e um dos maiores nomes do teatro juiz-forano. O fato mais interessante de trabalhar lá, do qual Giselle nunca se esquecerá, foi a primeira frase que ouviu do professor José Luiz Ribeiro, diretor do Grupo Divulgação. “Menina, essa vaga era pra ser sua mesmo. Tinha uma menina que tentou a bolsa, ela já trabalha aqui com a gente, tem todo jeito com criança e adolescente porque ela faz Letras. Ela tava com nota 100 em tudo. Mas a última pergunta ela não respondeu e você passou na frente!”, disse José Luiz. “Foi meio impactante ouvir isso, não sei se era um elogio ou uma repreensão”, conta Giselle.

E há ainda quem reclame de falta de tempo

Enquanto uns mesmo não exercendo muitas atividades reclamam da falta de tempo, outros procuram realizar cada vez mais funções. No início do ano, Giselle, que era monitora de uma das turmas de teatro, ganhou a oportunidade de dar aulas enquanto a professora e atriz, Márcia Falabella, estava estudando na França. “Eu era a monitora da turma. Com o passar do tempo ao lado do José Luiz eu fui aprimorando meus conhecimentos e aprendendo muito sobre o fazer teatral. Eu substituí, de maneira bem modesta, a presença da Marcinha. Como ela precisou viajar devido a seus estudos na França, eu trabalhava o aquecimento vocal e o relaxamento dos alunos”.
Em julho deste ano, Giselle fez uma apresentação no palco com os alunos de seu projeto, e em 2009 deve encenar pelo menos uma peça de temporada maior. E se sentir importante para os adolescentes e crianças do grupo foi algo a mais na história dela. “Eu ajudei cada um dos adolescentes do grupo a criar a personalidade do personagem. Eles tiveram muita dificuldade de incorporar o papel. Acho que eles encontraram em mim uma referência mais acessível, pois o Zé e a Marcinha são conceituados atores e eu era mais uma deles”.
Hoje, o Fórum da Cultura ocupa um espaço muito importante na vida de Giselle. “Trabalhar lá trouxe à tona todo o meu amor pelo teatro e a imensa vontade de voltar ao palco, como personagem. Acho que durante todo este período eu fui mais aluna, do que professora. Os meus ensinamentos vieram de todos os lados. Dos grandes atores, ao mais tímido dos alunos e sinceramente, isso valeu muito a pena”.


MÁRCIA FALABELLA, A MARCINHA

Por Janaína Morais, Mariana Francisquini e Marina Botelho






Márcia Cristina Vieira Falabella, ou Marcinha, é um dos principais nomes do cenário teatral em Juiz de Fora. É também uma das mais queridas professoras da nossa faculdade. Já participou de mais de 50 peças teatrais e de vários curtas-metragens. Recebeu prêmios como o de melhor atriz no Festival Nacional de Teatro de São José do Rio Preto, em 1995, pelo espetáculo “Escada de Jacó”.


Márcia já possui 22 anos dedicados ao Grupo de teatro Divulgação. Ela também já atuou em produções cinematográficas, entre elas, Zuzu Angel . Mas revela a sua preferência pelos palcos.
Esse ano, Marcinha lançou o livro "Grupo Divulgação, o teatro como devoção", que conta a história do grupo de teatro Divulgação.



FORMAÇÃO

Formou-se em 1988 na Faculdade de Comunicação da UFJF, a Facom, onde também trabalhou na acessória durante algum tempo. Fez mestrado em teoria da literatura, com estudo em cima de dramaturgia, pois assim poderia estudar também o teatro, atividade pela qual é apaixonada.
Logo que acabou o mestrado abriu vaga pra professor(a) da matéria de Comunicação e Expressão Oral na Facom, e Marcinha conseguiu a vaga, primeiro como substituta e seis meses depois como efetiva. Assim, conseguia novamente conciliar sua profissão com o teatro. "Ser professora é também uma forma de atuar. Você tem os alunos à sua frente como uma platéia, você tem um roteiro, mas há o improviso, já que não é possível saber o que os estudantes vão perguntar".


Hoje é professora do Departamento de Comunicação e Artes da Faculdade de Comunicação da UFJF e do Centro de Estudos Teatrais – Grupo Divulgação, onde também é atriz; doutora em Comunicação e Cultura pelo convênio ECO/UFRJ – FACOM/UFJF e Mestre em Teoria da Literatura pela UFJF.







INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Marcinha sempre gostou de teatro. Quando criança brincava de dar aula para suas bonequinhas, e fazer isso já era exercer o papel de um personagem, já era um teatro. Mas foi durante o ensino médio que pensou em realmente fazer teatro.



Como era muito medrosa pra ir para o Rio de Janeiro e largar a família, a qual é muito ligada, fez por aqui um curso de teatro e cursou Comunicação na Facom. E foi aí, que na matéria de Teoria da Comunicação com o professor e artista de teatro José Luiz Ribeiro, decidiu fazer o curso de teatro. "Fazia a disciplina Teoria da Comunicação, quando conheci o Zé Luiz (diretor do Grupo Divulgação) e ele me falou que ia ter um curso. Já tinha assistido a dois espetáculos e fiquei encantada e não parei mais".



ATRIZ DE TEATRO

Hoje, Marcinha tem 23 anos no Grupo de Teatro Divulgação. Para ela, uma das principais dificuldades para o ator em Juiz de Fora é a falta de mercado de trabalho: “Aqui na cidade não há mercado de trabalho, não dá pra viver de teatro. Já avançou mas ainda está complicado. Talvez uma das pessoas que consiga viver somente de teatro é o Robson Terra”.

Mas todas as profissões são difíceis. Se quisermos crescer, temos que buscar, ir para fora, ter um pouco de sorte e persistir.


Ao escolher o teatro, Marcinha sofreu alguma resistência: a família aceitou, mas reclamam um pouco do tempo em que a atriz passa no teatro, já que o nível de comprometimento com a atividade é muito grande. Apesar disso, sempre teve muito apoio da família.

Sempre há preconceito em relação ao teatro pois muitas pessoas não o consideram uma forma de trabalho, e acima de tudo, uma forma de comunicação.





ATRIZ DE CINEMA

Márcia Falabella também trabalhou em filmes como atriz. Apesar de às vezes ter tido participação reduzida, achou interessante para conhecer a linguagem do cinema. Além de alguns curtas com pessoal da Facom, inclusive com o documentarista Marcos Pimentel, participou de Zuzu Angel, de Sergio Rezende, lançado em 2006. Apesar de ter feito o papel de um personagem pequeno, Marcinha gostou muito da experiência. “Foi legal porque eu estava próxima do set de filmagem. Pude ver toda a movimentação das coisas.”


Outro filme que gostou de fazer foi o curta “A Demolição”, de Aleques Eiterer, que foi exibido na abertura do Primeiro Plano, o Festival de Cinema de Juiz de Fora e Mercocidades, do ano passado. Para Marcinha o mais legal foi porque teve trabalho de elenco, preparação dos atores.

José Luiz Ribeiro sempre fala que o cinema é a arte da técnica, que o ator só compõe aquilo ali. Para Marcinha, uma parte é verdade. Pois em “Demolição” teve um trabalho de elenco em que foi para o Rio de Janeiro, trabalhou bastante, e a experiência como atriz foi muito engrandecedora.


“O cinema você grava várias vezes a mesma cena, e chega a um ponto em que você já está fazendo tudo muito mecânico. E no teatro não, você faz tudo uma só vez e por completo. Mas é também uma experiência muito legal, diferente, mas muito legal.”


FRANÇA

Marcinha foi para a França fazer pós-doutorado, estudar o teatro do grupo Thêatre Du Soleil. O Grupo tem mais ou menos a mesma idade do Divulgação, só dois anos a mais.


Ela encerra um ciclo de estudos do Divulgação. Em sua tese de doutorado, estuda o teatro, do global ao local. O que lhe interessava era estudar coisas em comum do teatro Du Soleil com o Divulgação. Não artisticamente, pois eles seguem uma linha mais oriental, (kabuki, noh); o que chama atenção é a estrutura comum entre os dois. O que leva um grupo atingir um longo tempo de vida em uma arte tão efêmera. Não se vê grupos com esse tempo todo de vida, são poucos.

Depois de vários contra tempos, quanto à matricula, Marcinha aterrissou na França e tudo deu certo. Realizou seus estudos, foi aprovada com louvor por seu orientador e aproveitou bastante o país. Caminhou muito e conheceu muitas coisas. Ficou apaixonada e encantada com tudo. Para ela, foi uma das melhores coisas que já fez. Se não tivesse feito, teria se arrependido muito.













MAIOR REALIZAÇÃO ARTÍSTICA

“Sobreviver...persistir no teatro. Não é fácil... tem altos e baixos, poderia fazer melhor.” Tem vários papéis que a atriz adora fazer, mas o que mais gosta é do publico infantil, por sua espontaneidade.

Não se arrepende de nada, somente se não tivesse ido à França.

DIVULGAÇÃO - ESCADA DE JACÓ


Márcia Falabella fez o papel de uma idosa em “Escada de Jacó”. “Foi muito legal, porque concentra os meus velhos, meus avós”, diz ela.

Para preparação do papel, passou uma semana de folga em Caxambu - MG. Ali fez um trabalho de observação, que para ela é fundamental para o ator. Ao passear pelo Parque das Águas, que é muito freqüentado por idosos, viu uma velhinha que ia lá todos os dias. E se inspirou nela.
“É um personagem muito legal, porque ela é muito sonsa”. Márcia sempre defende muito os seus personagens.

O Divulgação participou com a peça no Festival Nacional de São José do Rio Preto. Ganhou o prêmio de melhor atriz, e a peça de melhor espetáculo segundo o júri popular. “Eu não ligo para prêmio; se o prêmio garantisse o sucesso dos próximos trabalhos seria legal, mas não garante.”




- Link: Vídeo Depoimentos sobre "Escada de Jacó"




- Link: Vídeo Ensaio de "Escada de Jacó"







MARCINHA NA INTIMIDADE

“Vou falar como Mario Quintana: ´eu sou eu´.”
Muito tranqüila, gostao muito de família, de ficar em casa.
Teatro a preenche tanto, que não faz falta o casamento e os filhos. Os sobrinhos a preenchem... só a parte boa...e não a de ter que cuidar. [Risos]
Adora criança e adora velho.
Aproveita ao máximo seus pais: “São pessoas fantásticas que me deram uma dimensão legal da vida, alegria. Assim como meus avós.”
Gosta de cinema, teatro, viajar. Acha que se tivesse casado talvez não poderia ter viajado como fez.
Sempre tenta ver o lado positivo, se não a vida vai ficando massacrante. Tenta viver a vida mais leve.
Gosta de tudo. Futebol, “Lá em casa é todo mundo doido com futebol.”, mas tem horror com animais.
“Europa foi uma coisa muito forte ... muito impactante...eu fiz um diário de todos os dias.”
“Quero fazer mais coisas, viajar mais, mas é inevitável: a viagem tem que terminar em Paris”.
“Eu gosto de ficar sozinha, eu me preencho, me acho engraçada, fico bem comigo mesma, me divirto. Não é por estar sozinha que vou deixar de aproveitar. Em Paris, às vezes faltou alguém pra dividir as coisas, mostrar as coisas lindas que eu estava vendo para uma pessoa querida. Mas o estar só me acrescentou muito.”

Mensagem para as pessoas: “Sejam felizes na vida , que o tempo está passando rápido demais. Daqui a pouco todo mundo morre e não viveu nada.”







Desenhando cultura

Desenhando cultura
Por Ludimilla Fonseca, Luiza Vale e Rodrigo Souza

Alessandro Alvarenga, 31 anos, nasceu em Caratinga, interior de Minas Gerais, e hoje é designer de fama internacional. É mais um mineirinho que brilha longe de casa. Formado na Escola de Design da UEMG (a segunda escola de design mais antiga do Brasil), Alessandro já foi tema de notícias em revistas especializadas como Casa Vogue e Casa Cláudia. Atualmente morando em Belo Horizonte, o designer coordena projetos fora do país, dentre eles a reforma de uma rede de restaurantes nas cidades de Paris, Londres e Milão.
Incluído no livro O Design no Brasil, uma edição especial do jornalista Pedro Ariel para a revista Casa Cláudia, ele aparece ao lado de grandes nomes como Sérgio Rodrigues, Carlos Motta, Irmãos Campana, entre outros. Além de já ter sido classificado entre mais de 900 designers de todo o mundo no HRD Council Awards(importante concurso de jóias de diamantes, na Antuérpia, Bélgica), por dois anos consecutivos.
Seu trabalho inclui uma coleção de sucesso para a ANNO- loja de móveis de Belo Horizonte-, além de ser o responsável pela criação de produtos da Sierra Móveis de Gramado, RS, uma empresa de mobiliário de alto luxo.




O design é uma profissão relativamente recente e pouco conhecida no Brasil, apesar de seu desenvolvimento e crescente importância no cenário mundial. Conhecendo o caso singular de Alessandro, fica fácil notar como o design, que a cada dia descobre novas especialidades, agrega os “conhecimentos-chave” da profissão às soluções e demandas mercadológicas atuais.

Sobre sua vida no interior, Alessandro diz ter ótimas recordações. Porém, “em cada fase tive diferentes experiências; algumas péssimas, mas outras muito felizes. Por exemplo, da infância sinto especial saudade das brincadeiras na rua Princesa Isabel e dos amigos de lá; pegávamos carambolas e jabuticabas nos quintais dos vizinhos nos finais de tarde e era muito gostoso. Da adolescência tenho saudades de sair nos finais de semana para dar uma volta a pé na Olegário Maciel e depois parar na praça Getúlio Vargas e por lá permanecer até o dia amanhecer, na companhia das minhas melhores amizades e que permanecem até hoje”.





Contudo, Alessandro queria mais: parafraseando Drummond, Caratinga tornou-se “apenas uma fotografia na parede”. O designer conta que quando se mudou para Belo Horizonte, teve medo de não se adequar ao ritmo da metrópole, mas que tudo acabou se resolvendo. A cidade lhe ofereceu oportunidades de conhecer pessoas influentes na área e de visitar mostras de artistas importantes. "Lembro que na época fui a exposições fantásticas de estilistas mineiros, brasileiros e até de outros países, como Camille Claudel. Pude assistir aos espetáculos dos grupos Corpo e Galpão e participar das performances de rua do FIT (Festival Internacional de Teatro). Tive contato com o mundo da arquitetura e decoração através da Casa Cor, que sempre visitei”. Foi um período muito rico para a formação cultural e intelectual do futuro designer. Era apenas mais um anônimo tomando ônibus e andando pela rua normalmente. “Não me preocupava em como estava vestido e até mesmo se estava com sacola de compras voltando de metrô. Pude ser o Alessandro, sem ser o filho de beltrano ou siclano”.


Camille Claudel e suas obras


Superadas as dificuldades, Alessandro coleciona trabalhos de sucesso. Ele destaca o Pufe Pitanga, que está incluído na coleção especial de assentos brasileiros organizado pela mais importante loja de design nacional, a Dpot, de São Paulo; a coleção da ANNO de Belo Horizonte, da qual faz parte; e a criação de produtos da Sierra Móveis como seus feitos mais importantes como designer. Além disso, "fui finalista no Concurso Coroa da Padroeira do Brasil, fomos os mais votados no juri popular com mais de 60.000 votos (foto ao lado). Também recebi menção honrosa no Prêmio Boa Forma Abimóvel. Nossa, foram muitas coisas...”, conta.



Pufe Pitanga

Toda essa experiência profissional fez com que as portas do mercado internacional se abrissem. Recentemente, Alessandro foi à Feira de Milão e depois atendeu a um cliente da Sierra Móveis em Paris, onde passou seis dias desenvolvendo projetos junto aos arquitetos de uma cadeia de restaurantes que se espalha por toda a Europa. "Provavelmente, dentro de alguns meses coordenarei equipes na França, Espanha e Romênia, quando finalizarei os protótipos do mobiliário e o projeto de engenharia integrada dos restaurantes”.


Mesa Clau


Mas nem tudo é trabalho. Alessandro aproveita as viagens para passear e se reciclar: "andar em Paris é a coisa mais gostosa que existe - ainda mais sozinho. Já em Milão, o melhor é ver a cidade borbulhar de idéias surpreendentes e visitar os espaços fora da Feira, além de dar uma volta na Via Montenapoleone para ver as vitrines mais hypes do mundo. Adoro ver moda, mas não sou um "viciado". Cuba é outro lugar que reflete muito no trabalho do designer: “adorei a energia do povo, que mesmo sofrido com os bloqueios financeiros continua maravilhoso. De lá busquei poesia e cor, que são dois recursos de linguagem que utilizo em minhas criações de autoria, que são diferentes das criações de mercado de consumo. Outra cidade que gosto de destacar é Londres. Gosto do humor britânico no design; eles mesclam irreverência e austeridade numa coisa só. Andar em Londres é diferente de andar em Nova York, que só pensa em dinheiro. Londres talvez seja mais cosmopolita que qualquer outro lugar do mundo”.



Cadeira Nii

Ver Alessandro contar sobre suas experiências fantásticas faz o tempo passar depressa e nos afasta da real condição do design brasileiro. É uma profissão pouco conhecida e, por isso mesmo, subvalorizada. Para quem não sabe, Alessandro explica que “design é, essencialmente, designar”. E não se trata de uma tradução ruim, porque, na verdade, a palavra não tem tradução exata para o Português. “O trabalho do designer não consiste apenas em ‘desenhar’, mas em tratar o produto como um meio de o ser humano satisfazer suas necessidades, sejam elas práticas ou apenas emocionais”. Exemplo disto é o sucesso da Apple com o iMac, o iPod e o iPhone. Ele acrescenta que “um designer tenta projetar produtos que facilitem a vida das pessoas ou simplesmente as comova pela beleza”.


iMac, iPhone e iPod


Isso nos fazer concluir que o design não é apenas uma conseqüência da cultura, mas também parte dela. “O design é reflexo do seu tempo. Na época das cavernas o homem já fazia peças de design para atender às suas necessidades. Posso dizer que o design deixa de ser uma coisa totalmente elitista quando são feitos produtos para o povo em geral. O lava-arroz, por exemplo, foi criação de uma dona de casa que lavava o arroz numa cabaça; hoje ela é milionária. O design só será percebido como realmente importante na vida das pessoas a partir do momento que elas entenderem que até a escova de dentes que usam todas as manhãs passou pelas mão de um projetista”.


Cadeira Langue


Depois de conhecer Alessandro Alvarenga, é impossível não parar para pensar no celular que carregamos no bolso, na cadeira em que sentamos e até nos cabides que teimam em não segurar nossas roupas adequadamente. E isso não seria um traço cultural? Os objetos do cotidiano influenciam, por exemplo, nossos hábitos de consumo e nossas escolhas estéticas. São, portanto, expressões culturais e comportamentais da sociedade contemporânea.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

José Luiz Ribeiro: uma vida inteira dedicada à arte

José Luiz Ribeiro
Uma vida inteira dedicada à arte

Por Daniel Couto e Thiago Menini

"Buscando melhorar como ser humano, encontro no teatro uma grande resposta para minha vida”. É com esta visão que o diretor de teatro juizforano, José Luiz Ribeiro, demonstra sua paixão pela arte aos 66 anos de idade.


Jornalista formado, Mestre em Teatro e Doutor em Comunicação e Cultura, José Luiz Ribeiro começou sua carreira como artista plástico, trabalhando também como músico tocando acordeon, mas foi na dramaturgia que realizou seus maiores trabalhos.


Atualmente, o diretor possui mais de 60 textos montados, 183 peças realizadas e mais de 50 trilhas sonoras feitas para o teatro. Figura de grande importância para o cenário cultural da cidade, José Luiz dirige o grupo de teatro Divulgação desde sua criação, em 1966.

Hoje em dia, o diretor trabalha como professor do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e como gestor do Fórum da Cultura, onde está desde o início da fundação. “Chego a sofrer de uma certa crise de identidade no Fórum. Tenho que conciliar as funções de gestor e de diretor de teatro ao mesmo tempo”, brinca José Luiz.

E foi graças ao seu trabalho dentro do Fórum da Cultura que o casarão se tornou um importante centro cultural para Juiz de Fora. Além das peças de teatro, a instituição abriga o Museu de Cultura Popular, possui uma galeria de arte onde são expostas obras de artistas plásticos locais e oferece oficinas de teatro voltadas para universitários e pessoas da terceira idade.

A memória do diretor e do Grupo Divulgação está sendo recuperada. “Conseguimos junto a Universidade Federal de Juiz de Fora a criação de bolsas de treinamento profissional onde alunos atuarão no processo de digitalização de todo material produzido pelo Divulgação desde de 1975”, conta José Luiz.

Processo de criação

O diretor afirma possuir um processo de criação que acredita ser mediúnico. Segundo José Luiz, ao montar o roteiro de suas peças, os personagens começam a surgir e a dialogarem em sua cabeça. “Me espelho muito em Nelson Rodrigues no que diz respeito ao texto enxuto. Ele consegue fazer com que apenas uma palavra comunique exatamente tudo o que tem a se dizer”, explica.

Perguntado sobre a importância que o teatro possui em sua vida, José Luiz Ribeiro é simples e objetivo: “O teatro é uma janela que se abre pra esperança. É a minha forma de estar com Deus”.