sexta-feira, 28 de novembro de 2008

MÁRCIA FALABELLA, A MARCINHA

Por Janaína Morais, Mariana Francisquini e Marina Botelho






Márcia Cristina Vieira Falabella, ou Marcinha, é um dos principais nomes do cenário teatral em Juiz de Fora. É também uma das mais queridas professoras da nossa faculdade. Já participou de mais de 50 peças teatrais e de vários curtas-metragens. Recebeu prêmios como o de melhor atriz no Festival Nacional de Teatro de São José do Rio Preto, em 1995, pelo espetáculo “Escada de Jacó”.


Márcia já possui 22 anos dedicados ao Grupo de teatro Divulgação. Ela também já atuou em produções cinematográficas, entre elas, Zuzu Angel . Mas revela a sua preferência pelos palcos.
Esse ano, Marcinha lançou o livro "Grupo Divulgação, o teatro como devoção", que conta a história do grupo de teatro Divulgação.



FORMAÇÃO

Formou-se em 1988 na Faculdade de Comunicação da UFJF, a Facom, onde também trabalhou na acessória durante algum tempo. Fez mestrado em teoria da literatura, com estudo em cima de dramaturgia, pois assim poderia estudar também o teatro, atividade pela qual é apaixonada.
Logo que acabou o mestrado abriu vaga pra professor(a) da matéria de Comunicação e Expressão Oral na Facom, e Marcinha conseguiu a vaga, primeiro como substituta e seis meses depois como efetiva. Assim, conseguia novamente conciliar sua profissão com o teatro. "Ser professora é também uma forma de atuar. Você tem os alunos à sua frente como uma platéia, você tem um roteiro, mas há o improviso, já que não é possível saber o que os estudantes vão perguntar".


Hoje é professora do Departamento de Comunicação e Artes da Faculdade de Comunicação da UFJF e do Centro de Estudos Teatrais – Grupo Divulgação, onde também é atriz; doutora em Comunicação e Cultura pelo convênio ECO/UFRJ – FACOM/UFJF e Mestre em Teoria da Literatura pela UFJF.







INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Marcinha sempre gostou de teatro. Quando criança brincava de dar aula para suas bonequinhas, e fazer isso já era exercer o papel de um personagem, já era um teatro. Mas foi durante o ensino médio que pensou em realmente fazer teatro.



Como era muito medrosa pra ir para o Rio de Janeiro e largar a família, a qual é muito ligada, fez por aqui um curso de teatro e cursou Comunicação na Facom. E foi aí, que na matéria de Teoria da Comunicação com o professor e artista de teatro José Luiz Ribeiro, decidiu fazer o curso de teatro. "Fazia a disciplina Teoria da Comunicação, quando conheci o Zé Luiz (diretor do Grupo Divulgação) e ele me falou que ia ter um curso. Já tinha assistido a dois espetáculos e fiquei encantada e não parei mais".



ATRIZ DE TEATRO

Hoje, Marcinha tem 23 anos no Grupo de Teatro Divulgação. Para ela, uma das principais dificuldades para o ator em Juiz de Fora é a falta de mercado de trabalho: “Aqui na cidade não há mercado de trabalho, não dá pra viver de teatro. Já avançou mas ainda está complicado. Talvez uma das pessoas que consiga viver somente de teatro é o Robson Terra”.

Mas todas as profissões são difíceis. Se quisermos crescer, temos que buscar, ir para fora, ter um pouco de sorte e persistir.


Ao escolher o teatro, Marcinha sofreu alguma resistência: a família aceitou, mas reclamam um pouco do tempo em que a atriz passa no teatro, já que o nível de comprometimento com a atividade é muito grande. Apesar disso, sempre teve muito apoio da família.

Sempre há preconceito em relação ao teatro pois muitas pessoas não o consideram uma forma de trabalho, e acima de tudo, uma forma de comunicação.





ATRIZ DE CINEMA

Márcia Falabella também trabalhou em filmes como atriz. Apesar de às vezes ter tido participação reduzida, achou interessante para conhecer a linguagem do cinema. Além de alguns curtas com pessoal da Facom, inclusive com o documentarista Marcos Pimentel, participou de Zuzu Angel, de Sergio Rezende, lançado em 2006. Apesar de ter feito o papel de um personagem pequeno, Marcinha gostou muito da experiência. “Foi legal porque eu estava próxima do set de filmagem. Pude ver toda a movimentação das coisas.”


Outro filme que gostou de fazer foi o curta “A Demolição”, de Aleques Eiterer, que foi exibido na abertura do Primeiro Plano, o Festival de Cinema de Juiz de Fora e Mercocidades, do ano passado. Para Marcinha o mais legal foi porque teve trabalho de elenco, preparação dos atores.

José Luiz Ribeiro sempre fala que o cinema é a arte da técnica, que o ator só compõe aquilo ali. Para Marcinha, uma parte é verdade. Pois em “Demolição” teve um trabalho de elenco em que foi para o Rio de Janeiro, trabalhou bastante, e a experiência como atriz foi muito engrandecedora.


“O cinema você grava várias vezes a mesma cena, e chega a um ponto em que você já está fazendo tudo muito mecânico. E no teatro não, você faz tudo uma só vez e por completo. Mas é também uma experiência muito legal, diferente, mas muito legal.”


FRANÇA

Marcinha foi para a França fazer pós-doutorado, estudar o teatro do grupo Thêatre Du Soleil. O Grupo tem mais ou menos a mesma idade do Divulgação, só dois anos a mais.


Ela encerra um ciclo de estudos do Divulgação. Em sua tese de doutorado, estuda o teatro, do global ao local. O que lhe interessava era estudar coisas em comum do teatro Du Soleil com o Divulgação. Não artisticamente, pois eles seguem uma linha mais oriental, (kabuki, noh); o que chama atenção é a estrutura comum entre os dois. O que leva um grupo atingir um longo tempo de vida em uma arte tão efêmera. Não se vê grupos com esse tempo todo de vida, são poucos.

Depois de vários contra tempos, quanto à matricula, Marcinha aterrissou na França e tudo deu certo. Realizou seus estudos, foi aprovada com louvor por seu orientador e aproveitou bastante o país. Caminhou muito e conheceu muitas coisas. Ficou apaixonada e encantada com tudo. Para ela, foi uma das melhores coisas que já fez. Se não tivesse feito, teria se arrependido muito.













MAIOR REALIZAÇÃO ARTÍSTICA

“Sobreviver...persistir no teatro. Não é fácil... tem altos e baixos, poderia fazer melhor.” Tem vários papéis que a atriz adora fazer, mas o que mais gosta é do publico infantil, por sua espontaneidade.

Não se arrepende de nada, somente se não tivesse ido à França.

DIVULGAÇÃO - ESCADA DE JACÓ


Márcia Falabella fez o papel de uma idosa em “Escada de Jacó”. “Foi muito legal, porque concentra os meus velhos, meus avós”, diz ela.

Para preparação do papel, passou uma semana de folga em Caxambu - MG. Ali fez um trabalho de observação, que para ela é fundamental para o ator. Ao passear pelo Parque das Águas, que é muito freqüentado por idosos, viu uma velhinha que ia lá todos os dias. E se inspirou nela.
“É um personagem muito legal, porque ela é muito sonsa”. Márcia sempre defende muito os seus personagens.

O Divulgação participou com a peça no Festival Nacional de São José do Rio Preto. Ganhou o prêmio de melhor atriz, e a peça de melhor espetáculo segundo o júri popular. “Eu não ligo para prêmio; se o prêmio garantisse o sucesso dos próximos trabalhos seria legal, mas não garante.”




- Link: Vídeo Depoimentos sobre "Escada de Jacó"




- Link: Vídeo Ensaio de "Escada de Jacó"







MARCINHA NA INTIMIDADE

“Vou falar como Mario Quintana: ´eu sou eu´.”
Muito tranqüila, gostao muito de família, de ficar em casa.
Teatro a preenche tanto, que não faz falta o casamento e os filhos. Os sobrinhos a preenchem... só a parte boa...e não a de ter que cuidar. [Risos]
Adora criança e adora velho.
Aproveita ao máximo seus pais: “São pessoas fantásticas que me deram uma dimensão legal da vida, alegria. Assim como meus avós.”
Gosta de cinema, teatro, viajar. Acha que se tivesse casado talvez não poderia ter viajado como fez.
Sempre tenta ver o lado positivo, se não a vida vai ficando massacrante. Tenta viver a vida mais leve.
Gosta de tudo. Futebol, “Lá em casa é todo mundo doido com futebol.”, mas tem horror com animais.
“Europa foi uma coisa muito forte ... muito impactante...eu fiz um diário de todos os dias.”
“Quero fazer mais coisas, viajar mais, mas é inevitável: a viagem tem que terminar em Paris”.
“Eu gosto de ficar sozinha, eu me preencho, me acho engraçada, fico bem comigo mesma, me divirto. Não é por estar sozinha que vou deixar de aproveitar. Em Paris, às vezes faltou alguém pra dividir as coisas, mostrar as coisas lindas que eu estava vendo para uma pessoa querida. Mas o estar só me acrescentou muito.”

Mensagem para as pessoas: “Sejam felizes na vida , que o tempo está passando rápido demais. Daqui a pouco todo mundo morre e não viveu nada.”







3 comentários:

Toddy Break disse...

Gênia

Luiza V. disse...

ai ai, a marcinha é foda(no bom sentido).

Anônimo disse...
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