Quem quer ser um milionário?
Os reality shows são definitivamente um formato que dá certo. Podem não ter o mesmo ‘ar de novidade’ dos primeiros que surgiram na televisão brasileira, mas sem dúvida nenhuma ainda dão audiência e dinheiro para as emissoras. Programas como Big Brother Brasil, Casa dos Artistas, O Aprendiz, entre muitos outros de menor destaque, mexem com uma das características principais da cultura latino americana: a curiosidade de saber da vida dos outros, a fofoca, o melodrama. Como o próprio apresentador do reality global gosta de dizer, ‘vamos dar uma espiadinha’.
Mas dentre tantos já exibidos, o Big Brother Brasil foi o que mais funcionou e caiu na graça do público. A prova disso é que o reality exibido pela Rede Globo está em sua nona edição. E os telespectores seguem acompanhando o programa a cada ano. Elegem seus favoritos e vão torcendo para que seu escolhido seja o eleito para o prêmio. Os telespectores gostam quando casais se formam, pois o romance atrai mais ainda suas atenções juntamente quando os brothers se separam em grupos rivais, para que assim possa surgir brigas e discussões. Dessa maneira a ’grande novela’ chamada BBB se torne cada vez mais intensa e divertida – pelo menos para quem está assistindo. O público quer que os participantes lutem – de preferência literalmente - pela conquista do tão sonhado prêmio de R$1 milhão.
E a produção do programa conhece o gosto de seu público. A cada ano a conquista do prêmio é dificultada. Novas provas, novos desafios. O reality show foi deixando de ser um spa para se tornar realmente uma competição, na qual os participantes são postos a prova a todo o tempo, e as regras e a desenvoltura do jogo incentivam a discórdia, a formação de grupos, a tensão. Ou seja, trazem motivos para tornar o programa um grande ‘melodrama’, quase uma novela mexicana. A própria escolha dos brothers não é uma mera coincidência. Tudo que envolve o programa tem sempre alguma razão, as vezes oculta ou não para os telespectores. Tudo favorece para que o ‘circo pegue fogo’.
Os telespectores que não percebem essa ‘forcinha’ ficam atônitos assistindo o que eles pensam ser ‘a vida real através das câmeras’. Mas na verdade, tudo aquilo nao passa de um grande simulacro, primeiro por parte da produção do Big Brother Brasil, e segundo por parte dos próprios participantes. Pois não só a Globo conhece bem seu público, os brothers pelo menos, pensam que sabem. Cada um, a princípio, escolhe seu personagem, – variando o grau de máscaras, autenticidade, esteriótipos e sinceridade - e sua estratégia – tem dos que se assumam reais jogadores, aos que a estratégia é justamente não ter estratégia.
Porém, com o passar do tempo, alguma ‘verdade’ vai aparecendo, é impossível fingir o tempo inteiro, seja uma hora que os participantes abaixam a guarda, a máscara cai, eles relaxam e começam a mostrar sua verdadeira personalidade – ou pelo menos parte dela. É aí que o jogo realmente se inicia e os telespectores começam a ver um reality show mais parecido com a realidade, por mais redundante que isso possa parecer. O ‘bonzinho’ mostra que também sabe fazer fofoca, o ‘duro e calculista’ se revela um sentimental, a ‘gostosona’ mostra que também tem cérebro, e aquele que todos pensavam ser o ‘inteligente’ mostra que se trata na verdade de um bobo. Algumas máscaras que caíram transformam o participante de ‘anjo’ a ‘diabo’, outros que não tinham lá muita chance passam a cair nas graças do público. Nessa etapa do programa, fica mais difícil para a produção controlar o jogo, mas isso não quer dizer que ele passa é ser realmente fiel ao que se passa na ‘nave BBB’, porque as edições estão aí pra mostrar a parte que mais agrada a quem está por trás do reality show.
Mesmo os telespectores mais espertos, que sabem o que se passa por trás do Big Brother, nem por isso deixam de assistir fielmente ao programa. Podem declarar aos ventos que aquilo tudo não passa de uma grande farsa e que a Rede Globo manipula tudo. Mas no fundo, lá estão eles sentados no sofá da sala esperando a novela acabar para acompanhar os brothers e torcer para que seu favorito ganhe a próxima prova do líder e indique ‘aquele participante chato e fingido.
Não tem jeito. Não adianta negar, todos (e eu me incluo) - uns menos, outros mais - sempre acabam acompanhando o que se passa na nave BBB cheio de espectativas. Então, deixa eu ir que a prova do líder já vai começar!!!
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