domingo, 15 de março de 2009

Ver, Pensar e Sentir um produto cultural

Por Anamaíra Spaggiari

Um mesmo filme, música ou peça são vários, dependendo do observador, que com uma atenção a mais ou a menos, consegue modificar completamente o sentido daquilo que contempla. As experiências de vida e o estado do momento do espectador também alteram o modo de perceber o produto, agindo diretamente no conteúdo apreendido.

Passei a pensar desta maneira desde que, ao fim de um documentário que me marcou bastante, percebi que a pessoa ao lado teve reações e pensamentos bem diferentes dos meus. É preciso lembrar antes de qualquer coisa que, de um produto cultural, que é por excelência subjetivo em sua construção, não podemos retirar nada além de significados subjetivos e, por isso, nem mesmo as respostas e percepções do autor ou diretor são as corretas. É esse documentário, que me levou a esses pensamentos, que tento descrever sob minhas percepções a seguir.

O som. Sempre o som conduz, persegue e perturba. Unicamente o som da gota de sangue que cai. Gera arrepios, arranca suspiros, na espera do que está por vir, na busca da compreensão, no anseio do sentido. Depois a gente descobre que é puramente envolvente, e nada mais. Ou que nesse nada mais pode se acrescentar a subjetividade, a escolha que cada um pode ou não fazer quanto ao que se quer, consegue ou tenta, dizer.

As imagens: tantas quantas nos evoca em momentos individuais que, percebidas separadamente, nos impõe a entrar na cena. Imagens, mais do que parecer, elas são. E nunca traem. Retratam aquilo que vimos todos os dias, mas sob um olhar um pouco mais lírico, mais sutil. Talvez não seja necessariamente o olhar do diretor que é lírico, mas o do espectador, que passa a ter papel fundamental no que o objeto passa a significar e que, pode ou não, conduzir a esse lirismo.

Os momentos. Tenta-se uma associação, mas ela logo se desmancha. Busca-se uma razão por trás do que se vê, mas ela insiste em se perder. Talvez porque nós mesmos estamos perdidos . Todos num mesmo espaço, em que a inconstância o torna “não mesmo” segundos depois. Lugar onde o nascimento, a fome e a morte são consideradas imutáveis, mas só na aparência.

Urbe, de Marcos Pimentel. É só sentir.

2 comentários:

Toddy Break disse...

Aninha, ficou ótimo!!
Adorei!!
Parabéns!!
Camila Lima.

Toddy Break disse...

Lindo!
Tocante!
Parabéns!
Catatau.