Rodrigo Souza
Acabaram de anunciar a morte de Michael Jackson, o rei do pop. Além dessa, a maioria das notícias na página principal do G1 são relacionadas a desastres, mortes, fatos extraordinários, curiosidades, fatos engraçados. Dilma anuncia fim de tratamento de quimioterapia, Justiça de SP concede outra liminar contra lei antifumo, Corpo de tripulante brasileiro do voo 447 é enterrado no Rio, Homem é preso de minissaia vendo filme pornô, Ladrão tenta vender cortador de grama ao dono, Cartas de amor de Edith Piaf são vendidas, É como uma gripe forte, diz jovem que teve o vírus.
Todas elas se enquadram nos valores-notícia que aprendemos na faculdade de comunicação, mas alguém já parou para pensar o porque de utilizarmos esses valores-notícia? Por que é o improvável que deve ser noticiado? O inédito? Por que o valor-notícia mais "alto" não pode ser o das reportagens que investigam problemas como os de corrupção e os de desvio de verbas nos governos? Ou sobre os problemas da violência nas cidades?
O problema com as notícias é que elas são cada vez mais superficiais. As boas reportagens não se encontram mais em jornais, mas em revistas específicas ou em livros-reportagem.
O anseio por novidades a cada instante é criado pela mídia, que tem como interesse fazer com que a população não critique o que vê, apenas absorva e esqueça no minuto seguinte. O que temos hoje é a experiência de choque, não mais fatos que nos fazem refletir.
Dessa forma, os valores-notícia são apenas um reforço ao sistema. O jornalista, que teoricamente exerceria a função de investigador da sociedade, de maneira a "melhorar o mundo", passa a apenas aceitar a realidade vigente. Não se vê nada de novo, apenas novidades. Nada é criticado. O interesse público é direcionado.
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