domingo, 21 de junho de 2009

Moda para a Academia

por Ludimilla Fonseca


“Academia” com letra maiúscula, sim. A 27ª edição da São Paulo Fashion Week começou na última segunda-feira, 15 de junho. E em meio às badalações e frívolidades de sempre (quem consegue a melhor credencial, quem foi convidado ou não para a festa da Erika Palomino, a chegada de Bündchen e de Jesus - aquele da Madonna, além dos musthave da estação), a abertura oficial do evento foi maracada pela aula magna de Didier Grumbach, seguida pelo lançamento do seu livro, "Histórias da Moda" (Editora CosacNaify, 456 págs, R$ 99). Provando que não é apenas de corpos esquios e cotas para negros e índios que a moda é feita.


Grumbach, é presidente da Federação Francesa da Costura, do Prêt-à-Porter, dos Costureiros e dos Criadores de Moda (também conhecida como Câmara Sindical) e, durante a aula, traçou um panorama histórico do surgimento da alta-costura, do final do século XIX, até os dias atuais. Tudo feito com uma riqueza de detalhes que torna o assunto muito interessante até mesmo para quem se interessa por moda de uma maneira mais geral.


Desde as estratégias usadas pelo costureiro Charles Worth para cair nas graças do rei Napoleão III e da Imperatriz Maria Antonieta, assando pela tentativa de Hitler de transferir a alta costura de Paris para Berlim, até a globalização, Didier Grumbach, analisou tudo com o conhecimento que vem dos relatos de fontes muito próximas ou mesmo da vivência dos fatos.


Segundo a página de notícias do site da SPFW, depois da palestra, Grumbrach respondeu a perguntas da platéia e distribuiu algumas alfinetadas:

-“Comparativamente, o prêt-à-porter hoje é mais caro do que a alta costura, em 1947. Antigamente, uma roupa manufaturada custava algo em torno de mil euros, e as mulheres podiam ter um guarda-roupa com peças de costureiros”.


- “A moda é a única indústria que dá, gratuitamente, sua invenção para a concorrência, antes que ela seja produzida e vendida. Na minha opinião, a apresentação das coleções deveria ser acoplada à venda. Se você dá sua inovação de graça, a Zara vai produzir e entregar antes de você”.


Vale comentar que estive em São Paulo há três semanas e passei na loja da Zara – não comprei nada, é verdade. Mas opiniões de acadêmicos à parte, digo valeu (e sempre valerá) à pena passar por lá, nem que seja só para olhar. Afinal, não estou interessada em escrever um livro...


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